quarta-feira, 12 de abril de 2017

ॐ Hanumān Jayanti - Satsaṅga ao Devoto Invencível
Todas as Glórias à śrī Guru Mahārāja Ācārya Mahāsūrya Paṇḍita Svāmī!
Todas as Glórias à śrī Mahādeva!
Todas as Glórias à śrī Bhagavan!
Todas as Glórias à śrī Śakti Devī!
Todas as Glórias à śrī śrī Hanumān!

Ś Āñjaneya.

हनुमान्स्तवन​

hanumānstavana

मनोजवं मारुततुल्यवेगं जितेन्द्रियं बुद्धिमतां वरिष्ठ ।
वातात्मजं वानरयूथमुख्यं श्रीरामदूतं शरणं प्रपद्ये ॥

manojavaṃ mārutatulyavegaṃ jitendriyaṃ buddhimatāṃ variṣṭha 
vātātmajaṃ vānarayūthamukhyaṃ śrīrāmadūtaṃ śaraṇaṃ prapadye 

Rendo-me à śrī Hanumān, que é rápido como a mente – conquistando os sentidos –  e como o vento, Supremo dentre todos os seres inteligentes.
Filho do Vento, Comandante das criaturas da floresta, mensageiro de śrī Rāma, refugio-me em Seus pés.

Neste mês de abril, no Templo Polimata, celebraremos o auspicioso festival Hanumān Jayanti em nosso Satsaṅga. Trata-se do advento (aparecimento) de Śrī Hanumān, o altíssimo deus-macaco do hinduísmo.
Śrī Hanumān (श्री हनुमान्) é uma Deidade riquíssima e complexa, que possui qualidades bastante diversificadas, as quais permitem-no transcender as divisões sectárias dentre as tradições indianas, fazendo-se presente até em textos budistas e jainistas.

É filho de Añjanā, uma apsarā, espírito feminino das nuvens e das águas, o que lhe rende o nome de Āñjaneya. Do lado paterno, tem Kesari – comandante do exército dos Vānaras, uma raça de símios superdesenvolvidos – como seu benfeitor. Porém, também possui associação junto à śrī Vāyudeva, o deus do vento, que o trouxe ao ventre de sua mãe; e à śrī Śiva, do qual é considerado, por algumas tradições, como sua a décima primeira encarnação.

O Senhor Vāyu, ou Māruta, o vento personificado, combina força e intangibilidade. É eloquente, erudito e um perito na ciência da linguagem, conhecido por guiar grandes almas para o caminho da sabedoria. Tais características manifestam-se igualmente em seu filho, que também é chamado de Vāyuputra (“o filho de Vāyu”).
Face ao Senhor Śiva, que é, ao mesmo tempo, um e muitos, a relação é baseada em Rudra (“o uivador”), uma personalidade “sombria” de śrī Mahādeva, retratada com maior enfoque nos Vedas. Faz referência, especificamente, ao seu comando sobre duas raças: os mārutas (espíritos do ar que vagam por todo o espaço acompanhando-o), e os próprios rudras (entidades que emanam do “deus irado”, dotados de forma animal e detentores de grande poder destrutivo, associados ao papel de śrī Naṭarāja como “Senhor dos Bhūtas” – fantastamas).

Desta forma, śrī Hanumān apresenta-se como um ser polivalente. Em uma passagem do Ṛgveda (10.86), há um diálogo entre o Senhor Indra – rei dos deuses do período védico – e sua consorte, em que é revelada a existência de um "macaco viril", (vṛṣākapi), que teria maculado o elixir soma – um composto ritualístico alucinógeno – do Senhor da Tempestade. Tal macaco é, posteriormente, ligado a uma das onze formas de śrī Rudra, conforme citado acima, e também tem seu nome citado como um dos mil e oito nomes de śrī Viṣṇu.

Outro exemplo de sua versatilidade é o fato de que seu nome pode ser interpretado de duas maneiras diferentes.

Na etimologia sânscrita, o nome Hanumān é composto por dois termos, hanu + mān. A primeira interpretação pode ser livremente traduzida como “Aquele que possui (mān) a mandíbula proeminente, desfigurada (hanu)”, evocando-O como um ser de capacidades fenomenais e caráter heroico (vīra).
Para tal, considera-se, principalmente, o famoso episódio em que nosso herói, ainda criança, foi duramente golpeado por um raio vindo do Senhor Indra, enquanto tentava abocanhar o Sol, ao confundi-lo com uma manga. Este, śrī Sūryadeva, posteriormente se tornaria seu guru.

O Senhor Indra e o pequeno Hanumān.

Dentro da cultura vasta hindu, tal aspecto da personalidade de śrī Mahāvīra (“o grande herói”), pode ser enquadrado na perspectiva śivaíta, enquanto uma encarnação (ou porção, ”aṃśa”) do próprio Senhor Rudra (Rudrātmaka), que manifesta a qualidade śakti (“energia”, “potência”) através de seus poderes yóguicos, de suas habilidades com ervas e de seus atributos vorazes de guerreiro invencível.

A segunda interpretação, menos comum, ainda que também etimologicamente menos precisa, se faz igualmente apropriada. Assim,
traduz livremente Seu nome como “Aquele cujo orgulho próprio (māna) foi destruído (han)”, e retrata, principalmente, seu serviço devocional altruísta e despretensioso aos pés de śrī Sītārāma.

Esta personalidade de Śrī Rāmadūta (“o embaixador do Senhor Rāma”) também posiciona-o como uma manifestação de śrī Mahādeva, com as mesmas qualidades, porém sob a perspectiva vaiṣṇava, mais difundida no ocidente, manifestando, principalmente, a qualidade dāsa (“servo”).
Assim, é através desta ótica vaiṣṇava, que o Rāmāyaṇa, um dos mais famosos épicos da cultura hindu,  apresenta nosso herói: uma encarnação de Śrī Śiva que manifesta-Se na Terra durante o período de śrī Rāma – uma das encarnações de śrī Viṣṇu – para auxiliá-lo em suas tarefas.

Em sua infância, nosso herói recebeu inúmeros poderes dos devas após o episódio envolvendo o Senhor Indra e seu raio, mencionado anteriormente. Neste, śrī Vāyu recolhe-se em uma caverna com o filho ferido em seus braços, retirando-se da atmosfera e asfixiando o cosmos, demandando retratação por parte de seus colegas celestiais.

Assim, diversas bênçãos foram concedidas ao garoto. As principais foram:

·      de śrī Brahmā: viver tanto quanto Brahmā;
·      de śrī Viṣṇu: viver toda a sua vida como o maior devoto de Deus;
·      de śrī Indra: jamais ser ferido por ou tocado por arma alguma;
·      de śrī Agni: não ser afetado pelo fogo;
·      de śrī Kāla: jamais ser cortejado pela morte;
·      de todos os Devas: jamais ser igualado em força e velocidade por nenhum outro ser.

Mais adiante, śrī Yogin (“o meditador”) também conquistou os oito poderes yóguicos, (siddhis) que também o torna um ícone dentro do misticismo tântrico. São:
1.    Aṇimā: habilidade de reduzir seu tamanho indefinidamente;
2.    Mahima: habilidade de aumentar seu tamanho indefinidamente;
3.    Garima: habilidade de aumentar seu peso indefinidamente;
4.    Laghima: Habilidade de diminuir seu peso indefinidamente;
5.    Prāpti: habilidade de obter qualquer coisa em qualquer lugar;
6.    Prākāmya: habilidade de realizar todos os seus sonhos e desejos;
7.    Iṣiṭva: domínio sobre a toda a criação;
8.    Vaśitva: controle sobre as coisas, especialmente a manifestação física.
 
Dotado de um temperamento muito travesso, o jovem Hanumān abusava de seus poderes e importunava os santos que habitavam a floresta. Assim, recebeu uma maldição de Śrī Brahmā que o fez esquecer de seus poderes, só recobrando-os quando mais maduro.

O jovem Hanumān tumultuando a vida dos santos.

Posteriormente, conheceu śrī Rāma e śrī Lakṣmaṇa, quando estes inquiriam a ajuda de Sugrīva, rei dos Vānaras – de quem śrī Āñjaneya era ministro – para ajuda-lo em sua busca por śrī Sītā, que havia sido raptada pelo terrível Rāvaṇa, rei de Laṅkā.

Rāvaṇa era um āsura (demônio) cujas ações hediondas provocaram um grande desequilíbrio cósmico, que demandou a intervenção de śrī Viṣṇu em nosso plano através de uma encarnação divina (avatāra).
Cumprindo seus deveres com absoluta determinação, pleno em amor incondicional, valendo-se de seu discurso perfeito e de seus poderes místicos, encontrou o cativeiro de  śrī Sitā, ateou fogo na cidade de Laṅkā, guiou o Senhor Rāma e o exército da floresta para o confronto final com Rāvaṇāsura e também salvou o Senhor Lakṣmaṇa da morte certa ao transportar uma montanha inteira.

Śrī Hanumān incendiando a cidade de Laṅkā.

Śrī Sañjīvananagāhartraḥ, aquele  que porta a montanha que contém a planta sañjīvanī.
Após a passagem de śrī Rāma por este planeta, śrī Hanumān escolheu manter-se aqui, zelando pelos devotos e se fazendo presente todas as vezes que as glórias de seu Senhor forem contadas. Ademais, śrī Pārthadhvajāgrasaṃvāsin (“Aquele que está no topo da bandeira de Pārtha” – que um dos nomes de Arjuna) também foi fiel à śrī Kṛṣṇa, servindo aos Pāṇḍavas na Batalha de Kurukṣetra.

Śrī Hanumān exibindo śrī Sītārāma em seu coração.
Detentor de intermináveis qualidades, śrī Surārcita (“Aquele que é adorado pelos seres celestiais”) é, atualmente, uma das Deidades mais populares da Índia.
Assim, sua polivalência conquista uma sorte devotos bastante variada, que buscam sob sua graça também variadas bênçãos.

Seu hino mais famoso é o Hanumān Cālīsā, com 40 versos, dentre os quais destaca-se neste contexto:
दुर्गम काज जगत के जेते
सुगम अनुग्रह तुम्हरे तेते॥२०॥

durgama kāja jagata ke jete 

sugama anugraha tumhare tete
20

"todas as inalcançáveis tarefas do mundo tornam-se facilmente alcançáveis por Sua graça".
 O Todo-Poderoso śrī Hanumān é conhecido por nunca ter perdido uma batalha. Assim é, pois serve à Deus e ao Dharma desinteressadamente, sem apegos e desejos do ego, simplesmente porque este é o seu dever.

É considerado personificação do devoto (bhakta) e do guerreiro perfeitos, símbolo de lealdade, força e perseverança infinitas, representando o sacrifício (tapas) e a castidade (brahmacarya). 

Desta forma, śrī Tatvajñānaprada (“Aquele que concede a sabedoria“) nos ensina que todas as batalhas de nossa caminhada devem ser enfrentadas com amor no coração. Sua mensagem é a de que a vitória já é certa quando lutamos com determinação, e que as dificuldades que surgem em nosso caminho são ferramentas de aprendizado que fortalecem e edificam o nosso Ser.
Por fim, nosso herói continua vivo ainda hoje e é aceito por diversos santos, como Satya Sai Baba, como a Deidade presidente (iṣṭadeva) do processo transcendental da consciência nesta era de baixos padrões éticos e morais (kaliyuga).

Invocações mântricas para o ritual
श्रीहनुमान् गायत्री
śrī hanumān gāyatrī (mantra de invocação)
आन्जनेयाय विद्महे
वायुपुत्राय धीमहि
तन्नो हनुमाते प्रचोदयात्
ānjaneyāya vidmahe
vāyuputrāya dhīmahi
tanno hanumāte pracodayāt


"Contemplamos Aquele que é filho de Añjanā.
Meditamos por compreensão n’Aquele que é o filho do deus do Vento.
Reverenciamo-nos Àquele que possui a mandíbula proeminente/que matou o orgulho próprio, para que nos ilumine com sabedoria".

बीजमन्त्र
bījamantra (mantra de repetição)
ॐ हं हनुमाते नमः
au ha hanumāte nama

"Reverencio-me Àquele que tem a mandíbula proeminente/Àquele que destruiu o orgulho próprio"

Obs.: sobre o bīja ha: referente ao viśuddhacakra (laríngeo), que comanda a comunicação e a respiração. De força solar, este mantra seminal também trabalha o ego

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